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Sapatos de Ouro, Salários de Cobre: A Contradição na Indústria do Calçado Portuguesa

Sapatos de Ouro, Salários de Cobre: A Contradição na Indústria do Calçado Portuguesa

Em Marcha Acelerada

Indubitavelmente, a indústria do calçado em Portugal tem mostrado uma vitalidade comercial notável. Mesmo sem acordos coletivos em 2022 e 2023, o primeiro trimestre de 2023 já ultrapassou o anterior, sugerindo um ano de recordes nunca visto. Esta projeção positiva é apoiada pelos números: um aumento no volume de sapatos vendidos e um crescimento projetado de 7,3% no preço dos produtos nos próximos meses.

Indústria do calçado antecipa nova subida de 7,3% nos preços até ao final do ano.

Fonte: "Indústria do calçado antecipa nova subida de 7,3% nos preços até ao final do ano."

Em Solo Instável

No entanto, mesmo com o comércio em alta, o terreno sobre o qual os trabalhadores da indústria caminham permanece instável. As negociações entre a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Têxteis (FESETE) e a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado (APICCAPS) têm se mostrado uma verdadeira odisseia. A ausência de um acordo coletivo reflete-se nas condições laborais: a vasta maioria dos trabalhadores recebe o salário mínimo, as progressões de carreira permanecem estagnadas e o subsídio de alimentação, com o valor irrisório de 2,5 euros, é inconcebível.

Um Futuro Jovem... ou Inóspito?

Apesar dos desafios laborais, a APICCAPS tem conduzido esforços para atrair jovens para o setor, chegando a 86 escolas primárias em todo o país. Contudo, é vital questionar se o retrato pintado para estes jovens é fiel ao que os espera. O cenário é duro: salário mínimo insuficiente, progressões de carreira que se assemelham mais a uma promessa vazia do que a uma realidade e subsídios de alimentação que não correspondem ao mínimo necessário para uma vida digna.

O Desafio dos Números

Embora as estatísticas comerciais e económicas sejam impressionantes - em 2022, o preço médio de venda dos sapatos portugueses para os mercados internacionais subiu 8,7% e as exportações atingiram a casa dos 2.347 milhões de euros - há um outro lado da moeda que precisa de atenção. O setor emprega atualmente 40.730 trabalhadores em Portugal, mas estes números não podem ofuscar a realidade dos trabalhadores que, embora sustentem o sucesso do setor, não veem o seu esforço recompensado de forma justa.

Em Conclusão

Portugal marcha firme no comércio do calçado, mas é imperativo que este progresso seja acompanhado por melhorias nas condições laborais. A prosperidade comercial não deve ofuscar a necessidade de condições de trabalho dignas e justas para todos os trabalhadores do setor.

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CGTP - Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses
FESETE - Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Têxteis, Lanifícios, Vestuário, Calçado e Peles de Portugal

Sindicato Nacional dos Profissionais da Indústria e Comércio do Calçado, Malas e Afins

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