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Exportações de Calçado Técnico Crescem, Mas e os Direitos dos Trabalhadores?

Exportações de Calçado Técnico Crescem, Mas e os Direitos dos Trabalhadores?

O Futuro do Calçado Técnico: Exportações Crescem, Mas e os Direitos dos Trabalhadores?

No dia 3 de outubro de 2024, a Lusa publicou um artigo sobre a ambição da indústria portuguesa de calçado em duplicar as exportações de calçado técnico para 100 milhões de euros até ao final da década. Este crescimento seria impulsionado por investimentos significativos, incluindo o projeto FAIST, que envolve o desenvolvimento de uma nova geração de tecnologias de ponta e um investimento de 50 milhões de euros enquadrado no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). De acordo com o comunicado da APICCAPS, o setor tem vindo a apostar na produção de calçado técnico de alto valor acrescentado, fornecendo forças de segurança, hospitais e até companhias aéreas.

Segundo a APICCAPS, o projeto FAIST, liderado pela Carité e coordenado pelo Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP), promete a criação de 300 novos postos de trabalho, dos quais 100 altamente especializados, com o objetivo de transformar a indústria portuguesa de calçado na "mais qualificada do mundo" até ao final de 2025, com o desenvolvimento de 34 produtos inovadores.

No entanto, apesar das promessas de crescimento e inovação, não se faz qualquer referência às condições dos trabalhadores que mantêm essa indústria competitiva. O artigo ignora questões fundamentais como os salários baixos, o subsídio de alimentação irrisório de 2,50 euros por dia, e o facto de que as carreiras estão congeladas há anos. A APICCAPS projeta um futuro de alta tecnologia, mas esquece os trabalhadores que continuam a enfrentar condições precárias no presente.

A Inovação é Bem-vinda, Mas Não à Custa dos Trabalhadores

Os investimentos na inovação e tecnologia, como o desenvolvimento de "ilhas de automação" e "plataformas digitais", são necessários para manter a indústria competitiva globalmente. No entanto, de que adianta criar 300 novos empregos se os trabalhadores atuais estão sobrecarregados, mal pagos e sem progressão nas suas carreiras?.

Enquanto a indústria se vangloria de fornecer calçado de alta qualidade para forças de segurança internacionais, hospitais e até companhias aéreas, os trabalhadores do setor continuam a receber salários que mal ultrapassam o Salário Mínimo Nacional. Além disso, o subsídio de alimentação de 2,50 euros por dia, que não cobre as despesas básicas de uma refeição, é um insulto aos trabalhadores que sustentam o sucesso da indústria.

Este é o verdadeiro contraste entre o que se apresenta como um futuro brilhante para o setor e a realidade dura vivida pelos trabalhadores todos os dias. São estes trabalhadores, muitos dos quais há anos sem qualquer progressão nas suas carreiras, que carregam o fardo do sucesso económico da indústria, mas sem verem os frutos desse sucesso refletidos nos seus salários ou condições de trabalho.

O Papel do SNPIC: Luta Pelos Direitos dos Trabalhadores

O SNPIC tem lutado incansavelmente pela melhoria das condições dos trabalhadores do setor de calçado, marroquinaria e afins. Há anos que o Sindicato denuncia o facto de os trabalhadores serem obrigados a sobreviver com salários insuficientes e sem progressão de carreira. As negociações coletivas, muitas vezes ignoradas ou adiadas, são fundamentais para assegurar que os trabalhadores beneficiem do crescimento e dos investimentos no setor. Até quando os trabalhadores terão que aceitar condições degradantes enquanto assistem aos lucros da indústria a crescerem?

Além disso, o congelamento das carreiras no setor e a falta de aumentos salariais que acompanhem a inflação significam que muitos trabalhadores do setor não veem qualquer melhoria nas suas vidas há anos, apesar de estarem a trabalhar num dos setores mais lucrativos e inovadores de Portugal.

O Contraste Entre o Crescimento das Exportações e a Realidade Laboral

Enquanto as exportações de calçado técnico continuam a crescer, os trabalhadores que impulsionam essa produção enfrentam condições precárias. A APICCAPS refere o aumento da produtividade e a criação de novos produtos, mas não menciona os esforços para garantir que os trabalhadores possam também beneficiar desse sucesso.

Nos últimos anos, o subsídio de alimentação tem permanecido em níveis baixíssimos, enquanto a maioria dos trabalhadores não tem acesso a progressão nas suas carreiras ou melhorias significativas nos seus salários. É essencial que a APICCAPS e os empresários do setor reconheçam o papel central dos trabalhadores e implementem políticas de valorização que melhorem as suas condições de vida e de trabalho.

Conclusão: Inovação e Justiça Social Devem Andar de Mãos Dadas

O futuro do setor de calçado português não pode ser construído apenas sobre a base de inovação tecnológica. Os trabalhadores devem ser parte central desse futuro, com salários dignos, progressão nas carreiras e condições de trabalho que refletem a importância do seu papel no sucesso da indústria.

O SNPIC continuará a lutar pelos direitos dos trabalhadores, exigindo que a APICCAPS e os empregadores cumpram as suas responsabilidades e garantam que a inovação e o crescimento não sejam construídos à custa de condições de trabalho precárias.

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