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Milhões para a APICCAPS, Fábricas a Fechar: O Preço da Hipocrisia no Setor do Calçado.

Milhões para a APICCAPS, Fábricas a Fechar: O Preço da Hipocrisia no Setor do Calçado.

A Verdade sobre a APICCAPS: Milhões em Financiamento Público, Promessas Vazias e Trabalhadores Esquecidos

Chegamos ao final de 2024, e a situação no setor do calçado em Portugal continua a deteriorar-se. A APICCAPS, que se apresenta como a guardiã da inovação e da sustentabilidade do setor, tem recebido milhões de euros em financiamento público através de projetos que prometem transformar a indústria. No entanto, por trás desta fachada de modernização tecnológica, a realidade vivida por trabalhadores e pequenas empresas é outra: trabalhadores continuam a receber o salário mínimo, com subsídios de alimentação estagnados em 2,5 euros por dia, e as suas carreiras congeladas. Fábricas estão a fechar, e as pequenas e médias empresas que mantêm o setor vivo estão a ser deixadas para trás.

Os Projetos e o Financiamento: Onde Está o Retorno?

Nos últimos anos, a APICCAPS recebeu milhões em fundos públicos através de três grandes projetos: BioShoes4All, FAIST, e DIGI4FASHION. Estes projetos, que totalizam mais de 73 milhões de euros, foram anunciados como a solução para transformar o setor num "ecossistema sustentável, ágil e digital". No entanto, apesar dos montantes astronómicos, os benefícios reais para os trabalhadores e para muitas empresas são praticamente inexistentes.

BioShoes4All – 41 milhões de euros

Este projeto, com um orçamento total de 41 milhões de euros, visa transformar o setor do calçado num ecossistema sustentável, promovendo o desenvolvimento de biomateriais e tecnologias avançadas. No entanto, enquanto a APICCAPS celebra os investimentos, os trabalhadores que continuam a produzir o calçado enfrentam salários baixos, sem qualquer melhoria nas suas condições de trabalho. O projeto, que deveria incluir toda a cadeia de valor, falha em incluir aqueles que mais precisam de apoio.

FAIST – Fábrica Ágil, Inteligente, Sustentável e Tecnológica – 30,39 milhões de euros

Com um financiamento de 30,39 milhões de euros, o FAIST é outro projeto promovido pela APICCAPS como um marco da modernização industrial. Este projeto pretende introduzir automação e robótica nas fábricas, mas os trabalhadores continuam a não beneficiar destas inovações. Enquanto alguns empresários aproveitam os subsídios para melhorar as suas infraestruturas, os trabalhadores das fábricas, que deveriam ser os primeiros a sentir os impactos positivos, veem-se presos a salários mínimos e sem qualquer perspetiva de progressão na carreira.

DIGI4FASHION – Pólo de Inovação Digital da Moda – 2,25 milhões de euros

O DIGI4FASHION, com um financiamento de 2,25 milhões de euros, foi desenhado para apoiar as PME’s na transição digital, prometendo impulsionar a adoção de tecnologias digitais avançadas no setor. No entanto, a digitalização que o projeto tanto promete continua a ser um sonho distante para a maioria das empresas que não têm acesso direto a estas inovações. Em vez de criar um impacto generalizado, os benefícios parecem concentrar-se, talvez, numa pequena elite empresarial.

A Hipocrisia da APICCAPS: Vangloriar-se Enquanto Fábricas Fecham

Enquanto a APICCAPS se vangloria de milhões de euros em investimentos e da "modernização" do setor, fábricas continuam a encerrar, e os trabalhadores enfrentam a dura realidade da estagnação económica. No final de 2024, assistimos ao aumento dos encerramentos de fábricas, um fenómeno minimizado pela APICCAPS, que insiste em afirmar que os números não são alarmantes. No entanto, para os milhares de trabalhadores que perderam os seus empregos, a crise é bem real.

A associação continua a celebrar o suposto sucesso destes grandes projetos, mas a verdade é que, para a maioria das empresas e trabalhadores, não há retorno visível deste investimento público massivo. A digitalização e a automação que a APICCAPS tanto promove como o futuro do setor são inatingíveis para muitas fábricas, e os trabalhadores continuam a ver os seus salários e condições de trabalho estagnarem.

Sem Negociação Coletiva: Trabalhadores Esquecidos

Apesar dos milhões de euros investidos no setor, os trabalhadores continuam a ser negligenciados. No final de 2024, a negociação coletiva no setor do calçado permanece bloqueada, sem melhorias salariais significativas ou benefícios laborais adicionais. O salário mínimo persiste, e os trabalhadores enfrentam a dura realidade de subsídios de alimentação congelados em 2,5 euros por dia. As suas carreiras, apesar de décadas de experiência, continuam sem progressão. Os investimentos públicos, que deveriam beneficiar o setor como um todo, não têm refletido nas vidas daqueles que mais precisam.

O Que Acontecerá Quando os Fundos Públicos Terminarem?

A APICCAPS continua a receber milhões em financiamento público, mas a grande questão é: o que acontecerá quando estes fundos terminarem? O SNPIC alerta que, sem uma distribuição justa destes recursos e sem uma verdadeira negociação coletiva que proteja os trabalhadores, o setor do calçado corre o risco de colapsar. As grandes empresas poderão prosperar temporariamente com os subsídios públicos, mas as pequenas fábricas, que são a espinha dorsal da economia local, continuarão a fechar.

A Nossa Luta Continua

No SNPIC, continuaremos a lutar por melhores condições de trabalho, aumento dos salários e um subsídio de alimentação justo. Exigimos mais transparência na gestão dos fundos públicos e uma verdadeira reforma que beneficie todos os trabalhadores e empresas do setor. O setor do calçado precisa de um futuro mais justo e sustentável, onde os trabalhadores sejam respeitados e as pequenas empresas tenham as ferramentas para prosperar.


Fontes:

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CGTP - Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses
FESETE - Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Têxteis, Lanifícios, Vestuário, Calçado e Peles de Portugal

Sindicato Nacional dos Profissionais da Indústria e Comércio do Calçado, Malas e Afins

SEDE
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